É de
conhecimento geral que um dos grandes males que a humanidade carrega é a falta
de perdão. Os sentimentos de mágoa, raiva ou inveja que surgem no nosso dia-a-dia,
mediante alguma situação desagradável, são a origem de desentendimentos e pensamentos
negativos como a revolta e vingança. Ao alimentarmos estas negatividades
acabamos ferindo não só aos outros, mas também a nós mesmos.
A ideia de
perdão vê-se, por muitos, como um ato dos fracos porque o orgulho, a mania de
superioridade os permite que não sejam humildes e capazes de perdoar, por ter
esta visão errada. A forma de encarar o perdão como sinónimo de fraqueza é
descabida, mas pelo contrário, é preciso ser forte o suficiente para se
libertar de toda a mágoa e do mal tão pesado que o ressentimento causa no corpo
e na alma.
Em algumas
áreas de estudo científico, e não só, mostram claramente como a falta de perdão
age de forma negativa no organismo. Estudos em Psicologia, por exemplo,
explicam que o desgaste emocional e físico são também causados por
ressentimentos, dando origem a transtornos como a ansiedade, o estresse, a
depressão e ataques de pânico. Ainda no campo científico, a acumulação de
ressentimentos causa dificuldades cardíacas, alterações no sistema imunológico entre
outros problemas físicos e no campo espiritual o perdão é de extrema
significância, por residir na essência Divina. Sendo assim, é visível a
compreensão que perdoar é saudável para o físico e para o espírito.
Não menos
importante é a presença do diálogo em qualquer circunstância que origina o
ressentimento, pois, como já diz o velho ditado: "É falando que a gente
se entende". Ora vejamos, quantos rompimentos de relações familiares,
amorosas ou de amizade têm acontecido porque faltou simplesmente o diálogo
entre as partes envolvidas? Por orgulho preferimos guardar os males que os
outros nos causam, não aceitamos nossos próprios erros, erramos também com os
outros e tão pouco nos aproximamos para confessá-los e pedir desculpas, enfim,
o certo é que para um bom entendimento é necessário o diálogo.
Alguns sustentam
que é preciso "pagar pela mesma moeda". Pensando deste jeito
observamos uma certa irracionalidade para este argumento porque pagando o mal
pelo mal nada mais ganhamos se não a maldade no pensamento e nas ações, ferindo
os outros, destruindo a boa e saudável convivência. É desta boa convivência que
o mundo está precisando cada vez mais dela. Veja quantas guerras acontecendo
como consequência do desentendimento, orgulho, egoísmo e ganância! Digo isto
porque o perdão, a tolerância e a compreensão não habitam onde há ressentimento
e se habitam são em doses ínfimas, insignificantes. Pense nisso!
Sabendo as
razões para perdoar, fica-nos mais fácil agir para tal ação, mas como fazer?
São várias pessoas tentando sem sucesso e cada vez que se lembram do erro
cometido por alguém que antes lhes feriu dá um aperto no coração e a mágoa
adormecida acorda. Então, é difícil perdoar? Pode ser que sim, mas uma coisa é
certa, a recompensa é gratificante, principalmente para quem toma esta decisão.
A ação do
perdão vem de uma tomada de decisão, que é o que devemos considerar
primeiramente, e o passo subsequente é de agir de acordo com o que decidimos.
No entanto, é importante levarmos em conta que a primeira pessoa a se beneficiar
desta decisão somos nós mesmos porque, como já havíamos dito, o ressentimento causa-nos
mal a saúde física, mental e espiritual. Em segundo lugar, é direcionar a ação
do perdão para o alvo pretendido, ou seja, se guardamos algum ressentimento por
alguém que nos fez mal, é importante que nos aproximemos desta pessoa para doar
o nosso perdão. Após isto acontecer devemos saber que perdoar não implica
necessariamente esquecer do mal cometido, mas sim poder lembrar de algum
ressentimento passado e não sentir nenhuma angústia que possa trazer
sentimentos negativos, pois, o perdão é uma atitude positiva, embora venha se
perdendo cada vez mais.
Com tudo
isso, se nos definimos como seres racionais, então, o que falta para começarmos
a agir racionalmente, perdoando a nós próprios, ao nosso próximo e assim
cultivar uma boa convivência pessoal e interpessoal?